sexta-feira, 16 de abril de 2010

Gata Angorá
JG de Araújo Jorge

Sobre a almofada rica e em veludo estofada
caprichosa e indolente como uma odalisca
ela estira seu corpo de pelúcia, - e risca
um estranho bordado ao centro da almofada...

Mal eu chego, ela vem... (nunca a encontrei arisca)
-sempre essa ar de amorosa; a cauda abandonada
como uma pluma solta, pelo chão deixada,
e o olhar, feito uma brasa acesa que faísca!

Mal eu chego, ela vem... lânguida, preguiçosa,
Roçar pelos meus pés a pelúcia prata,
como a implorar carícias, tímida e medrosa...

E tem tal expressão, e um tal jeito qualquer,
- que às vezes, chego mesmo a pensar que essa gata
traz no corpo escondida uma alma de mulher!

Um comentário:

  1. Uma das minhas preferidas, dentre os dezoito livros de poesias que possuo desse que foi "o senhor" poeta, a quem tive o prazer de conhecer na Barata Ribeiro em 1964 - Rio.

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