segunda-feira, 24 de outubro de 2011

“Já nada mais restava.
Apenas a noite e, dentro dela,
o meu silêncio de incompreensão.
Meus passos afundavam na areia
deixando uma esteira de poças
que conteriam as estrelas,
não fosse o imenso escuro de tudo.
Cada vez mais lento eu caminhava.”
 
Caio Fernando Abreu

O Anel de Vidro
Manuel Bandeira

Aquele pequenino anel que tu me deste,
– Ai de mim – era vidro e logo se quebrou…
Assim também o eterno amor que prometeste,
- Eterno! era bem pouco e cedo se acabou.

Frágil penhor que foi do amor que me tiveste,
Símbolo da afeição que o tempo aniquilou,
Aquele pequenino anel que tu me deste,
– Ai de mim – era vidro e logo se quebrou…

Não me turbou, porém, o despeito que investe
Gritando maldições contra aquilo que amou.
De ti conservo no peito a saudade celeste…
Como também guardei o pó que me ficou
Daquele pequenino anel que tu me deste…