domingo, 29 de novembro de 2009


Esquinas
Jose Fernando

Destinos que se cruzam em avenidas
ilusões que se completam,
passageiros da vida, companheiros de jornada
sem estação de saída, sem ponto de chegada

Encontros e desencontros
sonhos e ilusões
memória perdida há muito esquecida
das batalhas, das muralhas, das vitórias


Almas viajantes que se encontram
convergem pelo caminho, se conhecem,
se enlevam, se apetecem
mas desconhecem a direção do outro


Destinos que se cruzam
desvarios, delírios pela vida
essência dos sonhos pelas estradas
esperança perdida nas esquinas...

sexta-feira, 27 de novembro de 2009


Trova
Helena Kolody

Alma inquieta, dividida
Entre o real e o sonhado:
A ventura deste mundo
Lembra um riso soluçado.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A Cor da Tua Alma
Juan Ramón Jiménez

Enquanto eu te beijo, o seu rumor
nos dá a árvore, que se agita ao sol de ouro
que o sol lhe dá ao fugir, fugaz tesouro
da árvore que é a árvore de meu amor.

Não é fulgor, não é ardor, não é primor
o que me dá de ti o que te adoro,
com a luz que se afasta; é o ouro, o ouro,
é o ouro feito sombra: a tua cor.

A cor de tua alma; pois teus olhos
vão-se tornando nela, e à medida
que o sol troca por seus rubros seus ouros,
e tu te fazes pálida e fundida,
sai o ouro feito tu de teus dois olhos
que me são paz, fé, sol: a minha vida!

Tu és a esperança, a madrugada.
Nasceste nas tardes de setembro
quando a luz é perfeita e mais doirada,
e há uma fonte crescendo no silêncio
da boca mais sombria e mais fechada.

Para ti criei palavras sem sentido,
inventei brumas, lagos densos,
e deixei no ar braços suspensos
ao encontro da luz que anda contigo.

Tu és a esperança onde deponho
meus versos que não podem ser mais nada.
Esperança minha, onde meus olhos bebem
fundo, como quem bebe a madrugada.

Eugênio de Andrade


Amorosa
Paul Éluard
(Tradução: Rodrigo Garcia Lopes)

Ela pousa em minhas pálpebras,
Põe seus cabelos sobre os meus,
Tem a forma de minhas mãos,
Tem a cor dos meus olhos,
Se entranha em minha sombra
Como uma pedra contra o céu.

Ela nunca fecha seus olhos
Nem me deixa mais dormir.
Em pleno dia, seus sonhos
Dissipam os sóis,

Fazem-me chorar, chorar e rir,
Falar sem ter nada pra dizer.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009


O Vento e o Pensamento
José Fernando

Enquanto as folhas das árvores dançam ao vento
meu pensamento vai de encontro ao seu
sem certeza de ser correspondido
assim como o vento, no espaço perdido

Mas o vento, embora sem destino
em cada árvore que passa
deixa alegria estampada nas folhas
enquanto meu sentimento abunda tristezas

Tristeza por estar só
sem destino, incompreendido
tristeza e dor ao relento
que distância você de mim
como o vento e o pensamento...

Soneto de Carnaval
Vinícius de Moraes

Distante o meu amor, se me afigura
O amor como um patético tormento
Pensar nele é morrer de desventura
Não pensar é matar meu pensamento

Seu mais doce desejo se amargura
Todo o instante perdido é um sofrimento
Cada beijo lembrando uma tortura
Um ciúme do próprio ciumento.

E vivemos partindo, ela de mim
E eu dela, enquanto breves vão-se os anos
Para a grande partida que há no fim

De toda a vida e todo o amor humanos:
Mas tranqüila ela sabe, e eu sei tranqüilo
Que se um fica o outro parte a redimi-lo.


Dizeres Íntimos
Florbela Espanca

É tão triste morrer na minha idade!
E vou ver os meus olhos, penitentes
Vestidinhos de roxo, como crentes
Do soturno convento da Saudade!

E logo vou olhar (com que ansiedade! ...)
As minhas mãos esguias, languescentes,
De brancos dedos, uns bebês doentes
Que hão de morrer em plena mocidade!

E ser-se novo é ter-se o Paraíso,
É ter-se estrada larga, ao sol, florida,
Aonde tudo é luz e graça e riso!

E os meus vinte e três anos ... (Sou tão nova!)
Dizem baixinho a rir: “Que linda a vida! ...”
Responde a minha Dor: “Que linda a cova!”

terça-feira, 24 de novembro de 2009














As Sem Razões do Amor
Carlos Drummond de Andrade

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Poesia
Carlos Drummond de Andrade

Gastei uma hora pensando um verso
Que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
Inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
E não quer sair.
Mas a poesia deste momento
Inunda minha vida inteira.



Inscrição na Areia
Cecília Meireles

O meu amor não tem
importância nenhuma.
Não tem o peso nem
de uma rosa de espuma!

Desfolha-se por quem?
Para quem se perfuma?

O meu amor não tem
importância nenhuma.


Inscrição
Cecília Meireles

Sou entre flor e nuvem,
estrela e mar.
Por que havemos de ser unicamente humanos,
limitados em chorar?

Não encontro caminhos
fáceis de andar.
Meu rosto vário desorienta as firmes pedras
que não sabem de água e de ar.

E por isso levito.
É bom deixar
um pouco de ternura e encanto indiferente
de herança, em cada lugar

Rastro de flor e estrela,
nuvem e mar.
Meu destino é mais longe e meu passo mais rápido:
sombra é que vai devagar.


Eu vejo o dia, o mês, o ano,
– por que viver, sem ser preciso?
Eu não minto, eu não te engano,
Eu não te fujo: – eu agonizo.

Como um suspiro em pleno oceano,
Digo-te adeus. Deixo-te o aviso
Para outro encontro sobre-humano,
À luz de um vago Paraíso.

Sobe o divino meridiano,
O sereno lábio conciso
Beija o dolorido arcano
Como se fosse outro sorriso.


Cecília Meireles

segunda-feira, 23 de novembro de 2009


Da Solidão
Vinicius de Moraes

A maior solidão é a do ser que não ama.
A maior solidão é a do ser que ausenta,
Que se defende, que se fecha, que se recusa
A participar da vida humana.
A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo,
No absoluto de si mesmo,
E que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor,
De amizade, de socorro.
O maior solitário é o que tem medo de amar,
O que tem medo de ferir e de ferir-se,
O ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo.
Esse queima como lâmpada triste,
Cujo reflexo entristece também tudo em torno.
Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção,
As que são o patrimônio de todos,
E, encerrado em seu duro privilégio,
Semeia pedras do alto da sua fria e desolada torre.

domingo, 22 de novembro de 2009


Por Trás Daquela Janela
Fernando Pessoa

Por trás daquela janela
Cuja cortina não muda
Coloco a visão daquela
Que a alma em si mesma estuda
No desejo que a revela.

Não tenho falta de amor.
Quem me queira não me falta.
Mas teria outro sabor
Se isso fosse interior
Àquela janela alta.

Porquê? Se eu soubesse, tinha
Tudo o que desejo ter.
Amei outrora a Rainha,
E há sempre na alma minha
Um trono por preencher.

Sempre que posso sonhar,
Sempre que não vejo, ponho
O trono nesse lugar;
Além da cortina é o lar,
Além da janela o sonho.

Assim, passando, entreteço
O artifício do caminho
E um pouco de mim me esqueço
Pois mais nada à vida peço
Do que ser o seu vizinho.


O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Fernando Pessoa

O Meu Impossível
Florbela Espanca

Minh’alma ardente é fogueira acesa,
É um brasido enorme a crepitar!
Ânsia de procurar sem encontrar
A chama onde queimar uma incerteza!

Tudo é vago e incompleto! E o que mais pesa
É nada ser perfeito. É deslumbrar
A noite tormentosa até cegar,
E tudo ser vão! Deus, que tristeza!...

Aos meus irmãos na dor já disse tudo
E não me compreenderam!...Vão e mudo
Foi tudo o que entendi e o que pressinto...

Mas se eu pudesse a mágoa que em mim chora
Contar, não a chorava como agora,
Irmãos, não a sentia como sinto!...



Noite de Saudade
Florbela Espanca

A Noite vem poisando devagar
Sobre a Terra, que inunda de amargura...
E nem sequer a benção do luar
A quis tornar divinamente pura...

Ninguém vem atrás dela a acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura...
E eu oiço a Noite imensa soluçar!
E eu oiço soluçar a Noite escura!

Porque és assim tão escura, assim tão triste?!
É que, talvez, ó Noite, em ti existe
Uma Saudade igual à que eu contenho!

Saudade que eu sei donde me vem...
Talvez de ti, ó Noite!... Ou de ninguém!...
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009


Criança
Cecília Meireles

Cabecinha boa de menino triste,
De menino triste que sofre sozinho,
Que sozinho sofre, - e resiste.

Cabecinha boa de menino ausente,
Que de sofrer tanto se fez pensativo.
E não sabe mais o que sente...

Cabecinha boa de menino mudo
Que não teve nada, que não pediu nada,
Pelo medo de perder tudo.

Cabecinha boa de menino santo
Que do alto se inclina sobre a água do mundo
Para mirar seu desencanto

Para ver passar numa onda lenta e fria
A estrela perdida da felicidade
Que soube não possuiria.

Cantiga
Cecília Meireles

Ai! Amanhã primorosa
Do pensamento...
Minha vida é uma pobre rosa
Ao vento.

Passam arroios de cores
Sobre a paisagem.
Mas tu eras a flor das flores,
Imagem!

Vinde ver asas e ramos,
Na luz sonora!
Ninguém sabe para onde vamos
Agora.

Os jardins têm vida e morte,
Noite e dia...
Quem conhecesse a sua sorte,
Morria.

E é nisto que se resume
O sofrimento:
Cai a flor, - e deixa o perfume
No vento.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009


Entre Lágrimas se Fala
Cecília Meireles

Entre lágrimas se fala
- e Deus sabe o que se sente!
Mas de longe não se escuta
Nem se entende.

A voz é rouca e dolorida
E a distância, tão penosa...
Quem sofre já não se espanta:
Cala e chora.

Apenas, uma pergunta
Às vezes, tímida, ocorre:
Para que, noites e dias,
Chora e sofre?

Quando amanhã todos formos
A mesma terra perdida,
Ninguém saberá das dores
Que sofria.

Onde, o lábio sem resposta?
Onde, os olhos ainda cheios...?
Onde, o coração que havia?
Onde, o peito?

De tão longe, não se escuta.
Não se escuta e não se entende.
Deus, entre lágrimas fala:
- não se sente.

Desventura
Cecília Meireles

Tu és como o rosto das rosas:
diferente em cada pétala.

Onde estava o teu perfume? Ninguém soube.
Teu lábio sorriu para todos os ventos
e o mundo inteiro ficou feliz.

Eu, só eu, encontrei a gota de orvalho que te alimentava,
como um segredo que cai do sonho.

Depois, abri as mãos, — e perdeu-se.

Agora, creio que vou morrer.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Mistérios d' Amor
Florbela Espanca

Um mistério que trago dentro em mim
Ajuda-me, minh'alma a descobrir...
É um mistério de sonho e de luar
Que ora me faz chorar, ora sorrir!

Viemos tanto tempo tão amigos!
E sem que o teu olhar puro toldasse
A pureza do meu. E sem que um beijo
As nossas bocas rubras desfolhasse!

Mas um dia, uma tarde... houve um fulgor,
Um olhar que brilhou... e mansamente...
Ai, dize ó meu encanto, meu amor:

Porque foi que somente nessa tarde
Nos olhamos assim tão docemente
Num grande olhar d'amor e de saudade?!






















O Amor Antigo
Carlos Drummond de Andrade

O amor antigo vive de si mesmo,
Não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
Mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
Feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
E por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
Aquilo que foi grande e deslumbrante,
O antigo amor, porém, nunca fenece
E a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
E resplandece no seu canto obscuro,
Tanto mais velho quanto mais amor.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009


O Escândalo da Rosa
Vinicius de Moraes

Oh, rosa que raivosa
Assim carmesim
Quem te fez zelosa
O carme tão ruim?

Que anjo ou que pássaro
Roubou tua cor
Que ventos passaram
Sobre o teu pudor

Coisa milagrosa
De rosa de mate
De bom para mim

Rosa glamourosa?
Oh, rosa que escarlate:
No mesmo jardim!

O que faço de bom faço malfeito
pareço artificial quando sincera
mera falta de jeito pra viver
sou a filha predileta do defeito



Martha Medeiros

À noite
todos os gatos são pardos
e raros
perdida na noite procuro
leopardos
esses homens secretos que fogem
no escuro

Martha Medeiros

Embalo
Alphonsus de Guimaraens Filho

Dá-me tuas mãos. Descansa.
O mundo já morreu.
Teu riso de criança,
O teu silêncio, e eu.

Repousa a tua cabeça
No reino imaginário.
Possível é que te esqueça
O doido solitário.

Nenhuma voz te chama,
Nenhum gemido... O amor
Não traz para quem ama
O anjo e sim a dor.

Dá-me tuas mãos. Descansa.
Vou dar-te o reino esquivo,
Ó pomba, ingênua criança...
O reino por que vivo.

Primavera

Olavo Bilac

Ah! quem nos dera que isto, como outrora,
Inda nos comovesse! Ah! quem nos dera
Que inda juntos pudéssemos agora
Ver o desabrochar da primavera!

Saíamos com os pássaros e a aurora.
E, no chão, sobre os troncos cheios de hera,
Sentavas-te sorrindo, de hora em hora:
"Beijemo-nos! amemo-nos! Espera!”

E esse corpo de rosa recendia,
E aos meus beijos de fogo palpitava,
Alquebrado de amor e de cansaço...

A alma da terra gorjeava e ria...
Nascia a primavera... E eu te levava,
Primavera de carne, pelo braço!


sexta-feira, 13 de novembro de 2009


1º Motivo da Rosa

Cecília Meireles



Vejo-te em seda e nácar,
e tão de orvalho trêmula,

que penso ver, efêmera,
toda a Beleza em lágrimas
por ser bela e ser frágil.

Meus olhos te ofereço:
espelho para face
que terás, no meu verso,
quando, depois que passes,
jamais ninguém te esqueça.

Então, de seda e nácar,
toda de orvalho trêmula,

serás eterna. E efêmero
o rosto meu, nas lágrimas
do teu orvalho... E frágil.


O Tesouro das Horas
Helena Kolody

A cada novo dia,
A vida me oferece,
O tesouro das horas,
Inteiramente minhas.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

















Pastorzinho Mexicano
Cecília Meireles

Pastorzinho mexicano:
entre o duro agave e o cordeiro terno,
sentou-se em descanso.

Entre o duro agave e o cordeiro terno,
pastorzinho mexicano,
tudo é verde campo:
para o agudo espinho, para o frouxo velo
e para o silêncio do que estás pensando.

Pastorzinho mexicano
de sonho coberto!
Teus olhos têm o mesmo espanto
dos de teu rebanho.

Anda a serra no céu e no campo
deslizando seu corpo de ferro.
Vai andando e carregando
olha como tão bem carrega!
as três crias de seu flanco:
duro agave,
cordeiro terno,
pastorzinho mexicano.

Romantismo
Cecília Meireles


Quem tivesse um amor, nesta noite de lua,
para pensar um belo pensamento
e pousá-lo no vento!

Quem tivesse um amor – longe, certo e impossível –
para se ver chorando, e gostar de chorar,
e adormecer de lágrimas e luar!

Quem tivesse um amor, e, entre o mar e as estrelas,
partisse por nuvens, dormente e acordado,
levitando apenas, pelo amor levado...

Quem tivesse um amor, sem dúvida nem mácula,
sem antes nem depois: verdade e alegoria...
Ah! quem tivesse... (Mas, quem teve? Quem teria?)

segunda-feira, 2 de novembro de 2009


Rústica
Florbela Espanca


Ser a moça mais linda do povoado,
Pisar, sempre contente, o mesmo trilho,
Ver descer sobre o ninho aconchegado
A bênção do Senhor em cada filho.

Um vestido de chita bem lavado,
Cheirando a alfazema e a tomilho...
Com o luar matar a sede ao gado,
Dar às pombas o sol num grão de milho...

Ser pura como a água da cisterna,
Ter confiança numa vida eterna
Quando descer à "terra da verdade"...

Meu Deus, dai-me esta calma, esta pobreza!
Dou por elas meu trono de Princesa,
E todos os meus Reinos de Ansiedade.

Anseios
(À minha Júlia)

Florbela Espanca

Meu doido coração aonde vais,
No teu imenso anseio de liberdade?
Toma cautela com a realidade;
Meu pobre coração olha cais!

Deixa-te estar quietinho! Não amais
A doce quietação da soledade?
Tuas lindas quimeras irreais
Não valem o prazer duma saudade!

Tu chamas ao meu seio, negra prisão!…
Ai, vê lá bem, ó doido coração,
Não te deslumbre o brilho do luar!

Não ´stendas tuas asas para o longe…
Deixa-te estar quietinho, triste monge,
Na paz da tua cela, a soluçar!…