quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Há delicadas músicas de harpa e de cravo
E o sopro das flautas na noite
É longo, puro e azul.

Há delicadas músicas entre sedas e rosas,
E os olhos são claros, nas luzes,
E o lábio sabe sorrir.

Nós ouvimos os violoncelos densos, obscuros,
Carregado de parábolas graves,
Violoncelos de solidão.

Nós estávamos transidos na mocidade triste
Carregados já de uma velhice amarga,
Sabendo que íamos ficar

Com o coração para sempre fechado, secreto,
Como na caixa do violoncelo:
Apenas com o oceano oculto de nossa voz.

Cecília Meireles

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