quarta-feira, 26 de agosto de 2009


Canção do Caminho
Cecília Meireles

Por aqui vou sem programa,
sem rumo,
sem nenhum itinerário.
O destino de quem ama
É vário,
como o trajeto do fumo.

Minha canção vai comigo.
Vai doce.
Tão sereno é seu compasso
que penso em ti, meu amigo.
- Se fosse,
em vez de canção, teu braço!

Ah! Mas logo ali adiante
- tão perto! -
acaba-se a bela.
Para este pequeno instante,
decerto,
é melhor ir só com ela.

(Isto são coisas que digo,
que invento,
para achar a vida boa...
a canção que cai comigo
é a forma de esquecimento
do sonho sonhado à toa...)

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