sábado, 11 de julho de 2009


Suavidade
Florbela Espanca

Pousa a tua cabeça dolorida

Tão cheia de quimeras, de ideal,
Sobre o regaço brando e maternal
Da tua doce Irmã compadecida.

Hás de contar-me nessa voz tão qu'rida
A tua dor que julgas sem igual,
E eu, pra te consolar, direi o mal
Que à minha alma profunda fez a Vida.

E hás de adormecer nos meus joelhos...

E os meus dedos enrugados, velhos,
Hão de fazer-se leves e suaves...

Hão de pousar-se num fervor de crente,

Rosas brancas tombando docemente,
Sobre o teu rosto, como penas de aves...

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