sábado, 11 de julho de 2009


Diana
Cecília Meireles

Ah, o tempo inteiro
perseguido, de bosque em bosque,
rastros desfigurados!

As flores tocam-lhe
com bicos de aço a carne rápida.
E a chuva enche-lhe os olhos.

Manejava o arco
de tal maneira suave e exata
que era belo ser vítima.

Voltava à noite,
vazia a aljava, e pensativa,
com sua sombra, apenas.

Nenhuma caça nem o gesto
valera a seta nem o gesto
da caçadora triste.

Nenhuma seta,
nenhum gesto valera o grito
reproduzido no eco.

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